Práticas pedagógicas

Como aplicar o learning by doing?

Alunos aprendem melhor quando aprendem fazendo: veja 4 formas práticas de incentivar o aprendizado mão na massa


Cerca de 10 anos atrás, em Hyderabad, na Índia, o pesquisador Sugata Mitra resolveu fazer um experimento: emprestou a um grupo de crianças um computador com reconhecimento de voz e pediu que elas falassem em inglês com a máquina, que transcreveria tudo automaticamente. Só que o sotaque delas era muito forte, e o texto resultante acabou por não ter nexo algum.


As crianças ficaram desapontadas: “o computador não entende o que dizemos!”


“Certo, então vou deixá-lo aqui por dois meses, façam com que ele os entenda.”


“Como fazemos isso?”


“Eu também não sei”, respondeu Sugata.


Quando ele voltou, todos estavam falando com o sotaque britânico padrão, reconhecido pelo sistema. Vários outros experimentos seguiram depois desse e todas as observações e descobertas do pesquisador convergiram para uma mesma conclusão:


Se houver interesse, crianças são ótimas em aprenderem sozinhas. Principalmente se colocarem a “mão na massa”.


Inclusive, o learning by doing (aprender fazendo) também ajuda alunos a reter lições mais facilmente. E, claro, essa absorção pode ser ainda mais aprofundada e ágil se forem introduzidos desafios, ferramentas de suporte e um ambiente de interdisciplinaridade e colaboração.


Confira algumas dicas para conectar sua instituição à Educação 4.0 e incentivar o learning by doing na sua escola:


1 – Faça perguntas em vez de fornecer respostas


O aprendizado autônomo é um dos pilares do learning by doing, por isso, em vez de mostrar um caminho único até uma solução, apresente questões que ajudem a guiar o aluno pelas diferentes possibilidades que levam até ela. É comum que jovens esperem por direções, mas cabe ao professor reverter essa lógica e fazer com que eles mesmos reflitam sobre suas opções.


Uma vez que o aluno é encorajado a participar ativamente de uma descoberta, ele tem seu interesse despertado e ganha confiança para dar seus próprios passos, seguindo um raciocínio próprio ou cooperando com colegas de classe.



2 – Incentive pesquisa, testes e apuração independente


Na era do excesso de informação, torna-se extremamente necessário diferenciar fato de ficção. Um dos papéis do educador é permitir que alunos possam explorar tópicos diversos e encontrar respostas para suas próprias questões — sem precisar confiar em figuras de autoridade, como pais ou professores, mas sim em evidências.


Por isso, estimule a conferência de informações em múltiplas fontes, análises aprofundadas e experimentos com base científica, para que eles possam navegar por diferentes referências de conhecimento de forma independente, saibam identificar credibilidade e como tomar suas decisões com base em fatos e dados.


3 – Tenha objetivos e resultados compartilhados


Um componente essencial dessa abordagem mão na massa é dar a oportunidade de alunos definirem uma meta, dividirem os resultados de suas experiências e avaliarem sua performance como um grupo.


A partir disso, pergunte o que eles teriam feito diferente, ou o que melhorias aplicariam ao projeto — reflexões como essas facilitam o pensamento crítico, a criatividade e a retenção do aprendizado.


Além disso, ter um projeto com início, meio e fim ajuda jovens a criarem vínculos com o que estão desenvolvendo e a terem uma experiência divertida, com uma potencial sensação de realização ao final.



4 – Crie ambientes propícios à inovação


É muito importante que novos recursos e ferramentas sejam explorados no ambiente escolar para aumentar a interatividade e fortalecer processos de construção colaborativa como parte do aprendizado. Mas, ainda que infraestrutura tecnológica seja relevante, não é o que define a qualidade do ensino.


Em vez disso, é possível usar de materiais comuns e de baixo custo, como itens recicláveis e papelão, para mediar a busca por informação e incentivar a inventividade — essa é a proposta dos espaços makers.


Por meio da cultura maker, é possível colocar o aluno como agente de seu próprio processo de aprendizagem, estimulando a prototipagem de forma lúdica e investigativa. Seja com robótica, eletrônica, programação, arte, marcenaria, costura ou inúmeros outros recursos, o aluno é encorajado a resolver problemas errando, repensando, inovando e se adaptando.  


Aplicando metodologias que têm a experimentação como base, jovens estarão não só absorvendo conhecimento — em todas as esferas, diga-se de passagem — como desenvolvendo competências primordiais para enfrentar mudanças, construir e reinventar o mundo ao seu redor.


Agenda Edu

View Comments

  • Gostei dos tópicos das aulas aprender fazendo e aprender contando histórias. Podem apresentar um exemplo aplicado a Física no ensino médio? Uma pesquisa ou exemplos de aplicações.

Recent Posts

WhatsApp agora cobra por disparos em massa. Sua escola está preparada para isso?

Imagine uma escola com 100, 300, 500 ou até 1.000 alunos. Agora imagine essa escola…

2 semanas ago

Como fazer o processo de matrícula escolar mais fácil em 2025?

A época de matrícula escolar virou pesadelo para muitas escolas. Entre outubro e janeiro, gestores…

1 mês ago

Módulo Assinaturas: como a assinatura digital para escolas elimina o caos nas matrículas

A assinatura digital para escolas representa uma transformação fundamental na gestão educacional brasileira, eliminando a…

1 mês ago

Contrato escolar: boas práticas para manter a confiança das famílias

Você já parou para pensar que o contrato escolar pode ser um dos principais aliados…

1 mês ago

De conversas no WhatsApp a matrículas: o segredo para captar mais alunos

Toda matrícula começa com uma conversa. E, hoje, a maioria dessas conversas acontece pelo WhatsApp,…

1 mês ago

Agenda Edu no 20º Rabbit Crescer: Inovação, IA e o Futuro da Educação

Nos dias 26 e 27 de agosto, a edição 20ª Rabbit Crescer reuniu gestores e…

2 meses ago